A Congregação Beneditina Portuguesa
Após decisão do Concílio de Trento (1545-1563) que impôs a união das Ordens Religiosas em Congregações sob a direção de um Geral trienal, funda-se em 1567 a “Congregação dos Monges Negros de São Bento dos Reinos de Portugal”, com a sua sede no Mosteiro de Tibães.
Criou-se a partir das Bulas In Eminenti (1566) e Regimini Universalis Ecclesiae (1567) do papa Pio V e da execução das mesmas por D. Sebastião e pelo cardeal D. Henrique.
A partir daqui surge um período de melhor administração espiritual e temporal, que transformará e beneficiará os mosteiros beneditinos portugueses, agora geridos de forma centralizada através da figura do Abade-Geral, residente na casa-mãe, o Mosteiro de Tibães.
Os abades passam a ser eleitos por três anos, em Capítulo Geral da Ordem. A estabilidade dos monges deixa de estar no mosteiro para passar a estar na Congregação, que chegou a possuir 22 mosteiros e duas casas menores (S. João da Foz do Douro e a Procuradoria, ou Hospício, de Braga), não contando os que entretanto fundara no Brasil desde 1580, onde se instituiu a Província Beneditina do Brasil com 13 mosteiros e que se autonomizou em 1827.
Edificaram-se novos mosteiros e colégios nas zonas urbanas (colégio de Coimbra, S. Bento de Lisboa, S. Bento de Santarém, S. Bento da Vitória no Porto e Hospício de Braga) e havia necessidade de realizar obras nas casas mais antigas, na sua maioria arruinadas e com poucos meios para as suportar. Foi um esforço notável, mas com alguns sacrifícios (Na convocação da Congregação de Abril de 1589, realizada em S.º Tirso, decidiu-se aplicar todo o rendimento do recém incorporado mosteiro de S. Cláudio do Lima (1588) para as obras e sustentação do Colégio de Coimbra. Também o Mosteiro de S. João de Arga foi sacrificado para fazer face aos custos das novas edificações).
No entanto, os esforços foram sustentados e apoiados na subsidiariedade entre os mosteiros, que assim se tornaram mais fortes na administração da Congregação.
Também a missionação constituiu um objectivo da novel corporação. No quinto Capítulo Geral celebrado em Pombeiro, em Setembro de 1584, os capitulares incorporam na Congregação o mosteiro de São Sebastião, situado na cidade do Salvador da Baía como cabeça da Província Beneditina do Brasil.
A Congregação tinha em 1569, cerca de 80 monges e 180 na visitação de 1588-1589 e era composta, em média, no séc. XVIII, por cerca 480 monges (Nas Juntas Gerais que se celebravam nos finais da Primavera ou no início do Verão, após os Capítulos Gerais, era definido o número de monges que deveriam existir em cada mosteiro. Nas de 1728, 1734 e 1737, decidiu-se que esse número seria de 485 monges na Congregação portuguesa).